A SÍNDROME DO NINHO VAZIO: APOSENTAR OU NÃO, EIS A QUESTÃO?

09/05/2025 - 16:38:00

Muito se tem falado sobre essa fase tão importante da vida (para muitos, nem tanto assim) que é a aposentadoria. Mas afinal, a aposentadoria representa o final de um ciclo ou o começo de uma nova vida?

 

Independentemente da opinião de boa parcela da população, aposentar é um marco na vida de qualquer pessoa, uns pensam em viajar, outros pensam em se dedicar mais à família, há aqueles que pensam em continuar trabalhando em outros ramos, e há aqueles que pensam em ficar o dia todo lendo jornal deitado no sofá e olhando as fofocas da cidade. Mal nenhum há em quaisquer dessas opções, vez que, ser feliz é o que importa.

 

Contudo, na vivência em que temos sobre aposentadorias (inatividade, termo este que deve ser ressignificado em breve), para muitas pessoas a aposentadoria causa medo: o medo do incerto, o medo de não ter mais a rotina de antes, o medo de não conviver mais diariamente com os colegas do trabalho, e o principal, o medo do esquecimento.

 

A síndrome do ninho vazio é a sensação da incerteza, da insegurança e do medo. Sabe a sensação de casa vazia que você tem quando o seu filho sai de casa, seja para casar, estudar e/ou simplesmente ser livre? Então, a sensação de que algo está faltando damos o nome de Síndrome do Ninho Vazio. Há algo que tinha ali, e hoje, derrepente, sei lá, já não existe mais, e o que fazer? A quem se socorrer para curar-se dessa sensação, que nem sempre é tão ruim assim?

 

A decisão de se aposentar causa esse vazio, sem dúvidas. E agora, qual será a minha rotina, a qual colega da mesa do lado irei confidenciar-me e rir das piadas despretensiosas, e aquele amigo secreto de final de ano da empresa, não serei mais convidado a sortear o “papelzinho” e escolher o melhor presente (nem sempre isso é verdade), e a quem serei subordinado e a quem subordinarei, e no fim, a pergunta que não se cala nesse vazio: cadê a minha vida a qual contribui por anos, e agora, virou só lembrança?

 

Sim, muitos tem essa Síndrome ao requererem suas aposentadorias, há aqueles que, mesmo sabendo que já completaram suas regras previdenciárias e podem entrar na inatividade, ainda assim relutam em aposentar-se, pois o medo toca naquela parte mais insegura que possa existir dentro de você.

 

Há aqueles que adentram com o requerimento de aposentação com lágrimas nos olhos, muitas vezes não de felicidade propriamente dita, mas por já sentirem que algo mudará drasticamente em suas vidas. Há aqueles que se aposentam e se arrependem. Há aqueles que se aposentam e somem. Há aqueles que se aposentam e adoecem. Há aqueles que simplesmente se aposentam e nada mais.

 

Contudo, independentemente se a Síndrome do Ninho Vazio de alguma maneira lhe toca, é preciso ressignificar o conceito de inatividade, pois hoje o aposentado, na maioria dos casos, é mais ativo do que muita gente que encontra-se no conceito de ativo.

 

Aquela expressão “melhor idade” cabe muito bem a essa nova fase da vida. De fato, entendemos que muita coisa mudará com a aposentadoria, mas assim como ressignificamos expressões que não cabem mais nos dias de hoje, é preciso ressignificar a sua vida, bem como os conceitos de vazio, pois este será preenchido com amor, família, esperança de dias melhores, novos amigos, novos divertimentos, novos “joguinhos” na praça com outros aposentados. Onde há vazio nisso?

 

Aquela sensação de que algo está faltando certamente passará e novos ares serão retomados. Novas buscas serão iniciadas e novas sensações serão adquiridas e curadas.

 

Sei de uma coisa, aposentar é um ato de amor por tudo que construiu e contribuiu ao longo da vida, seja contribuindo para a previdência, seja contribuindo para um mundo melhor, mais justo e humano, e como diriam os filósofos, nenhum ato de amor pode superar qualquer vazio que você venha a ter na sua aposentadoria, e se este vazio vier, que seja preenchido com os mais puros sentimentos.

 

E no mais, se for o seu caso, sejam bem vindos à aposentadoria e que se iniciem os trabalhos para vivenciarem os melhores anos de sua vida.

 

 

Por:

 

Diego de Souza Paes

Procurador Jurídico

IPREM-ISA

 

Créditos e Fonte: Diego de Souza Paes // -